A correria do dia a dia é comum para muitas pessoas. Com tantos compromissos (entre estudar, fazer academia, manter as tarefas profissionais, afazeres de casa, etc.), temos um ciclo de obrigações, onde muitas vezes, tudo é prioridade. Nesse contexto, é muito fácil ouvirmos as pessoas dizerem “não tive tempo para fazer tal coisa”, ou até mesmo, ouvir outras mencionarem que estão estressadas com tantas atividades. Mas por fim, o que é o tal estresse falado pelo senso comum?
O estresse atinge muito mais pessoas do que imaginamos. Pode ser considerado como uma reação do organismo que envolve elementos psicológicos, físicos e hormonais quando surge a necessidade de adaptar-se aos diversos tipos de pressões internas e externas que uma pessoa vivencia.
No ambiente esportivo, estas pressões internas podem ser compreendidas como as próprias cobranças para alcance de metas pessoais, expectativas quanto ao sucesso e fracasso, percepções sobre vitórias e derrotas, etc.
Situações como: analise do técnico quanto ao desempenho obtido em um jogo, criticas do companheiro de equipe, cobrança da torcida e dos patrocinadores, podem fazer parte das diversas pressões identificadas como pressões externas (De Rose Jr, 1997). Todas elas exigem uma adaptação do atleta, porém, cada atleta irá classificar a importância da situação de maneira singular. Para uns pode ser mais fácil ouvir as críticas dos companheiros de equipe, para outros, mais difícil ser responsável pela cobrança de um penault em uma partida decisiva e, assim, por diante.
Para Samulski (2008), o estresse faz parte da vida para a manutenção, aperfeiçoamento da capacidade funcional, autoproteção e conhecimento dos próprios limites. Em alguns momentos poderá ser considerado como positivo (eustress), em outros, como negativo (distress).
Como podemos identificar quando o estresse é negativo e quando ele pode ser positivo?
O estresse positivo possui características observadas na fase inicial (fase de alerta). Normalmente, o organismo produz adrenalina que canaliza para o ânimo, vigor e energia, auxiliando o alcance dos objetivos traçados pelo atleta. Pode ser considerado como a fase da produtividade, já que as pessoas que estão nesse estágio podem não dar importância devida ao sono e descanso. Quando esse período se estende durante um longo tempo, pode auxiliar no prejuízo do organismo, identificando, o estresse negativo.
Essa fase ocorre quando há excessos, ou seja, quando essa pessoa já ultrapassou seus limites físicos e psicológicos resultando no esgotamento da capacidade de adaptação. Com o organismo prejudicado de nutrientes, a energia mental reduzida, observa-se um prejuízo na produtividade podendo vir a apresentar problemas de saúde (problemas dermatológicos prolongados, irritabilidade excessiva, insônia, dificuldades sexuais, entre outros).
Compreender as situações geradoras de estresse é um dos principais trabalhos que o psicólogo irá focar no acompanhamento do atleta que apresente tal demanda. Um dos caminhos importantes será trabalhar para que ele (atleta) tenha o maior conhecimento possível sobre si, pois é fundamental que conheça suas emoções nas diferentes situações que se expõe, não só com o objetivo de aprender à controlá-las, mas para auxiliá-lo no que fazer com elas. O intuito é que o próprio atleta crie a partir do conhecimento sobre seus sentimentos e atitudes, uma estratégia adequada para lidar com estas situações de maneira tranqüila e efetiva.
O ideal é que ele aprenda a gerenciar a “fase de alerta” de modo eficiente, alternando entre estar em alerta e sair de alerta, pois o organismo precisa entrar em homeostase após o período que permaneceu em alerta para que promova a recuperação diminuindo a possibilidade de gerar danos.
Para um atleta de alto nível onde o seu corpo é o seu instrumento de trabalho, é imprescindível que este intercale sua rotina de treinos e jogos com momentos de descanso e lazer; passear com a namorada (o), ir ao cinema, ler um livro, jogar conversa fora com os amigos, são grandes aliados para a reposição das energias físicas e psíquicas. Afinal, reconhecer os limites do seu próprio corpo faz toda diferença.
Por Gisele Silva, psicóloga do esporte - http://ctgoleiros.blogspot.com/
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